quarta-feira, 6 de abril de 2011

MEC resolve impasse de alunos deficientes auditivos e visuais do Rio com possibilidade de matrícula dupla??


Comentários sobre a matéria publicada em 05/04/2011 pela Agência Brasil/EBC
Sobre a desativação do Curso Regular Especializado de Ensino Público do IBC e INES.


IBC NPF - Pra começo de conversa, na manchete, a Agência Brasil/EBC afirma o MEC 'resolve impasse'. Parece denotar que o MEC não quer mais discussão sobre o tema. Parece ter uma agenda para atender. Uma urgência misteriosa. Alertamos que, no caso da inclusão, a prioridade de atendimento é o da pessoa com deficiência e da sociedade. Temos muito ainda a discutir. Há direitos sendo lesados!


A seguir comentaremos a matéria.


Agência Brasil/EBC – Após longa reunião, hoje (5), em Brasília, com as diretoras do Instituto Benjamin Constant (IBC) e do Instituto Nacional de Educação para Surdos (Ines), o ministro da Educação, Fernando Haddad, confirmou que as duas instituições federais, que oferecem educação para crianças e jovens com deficiência visual e auditiva, não serão fechadas. Segundo o ministro, o que será estabelecida é uma parceria para que os alunos das duas unidades, localizadas no Rio de Janeiro, possam também frequentar a rede regular de ensino.


IBC NPF - Por que o governo tenta persuadir desautorizando, nas entrelinhas, um modelo de ensino REGULAR que inclui pessoas com deficiência há 66 anos? Vejamos de que forma.


Agência Brasil/EBC – A polêmica teve início no mês passado, quando uma diretora do Ministério da Educação (MEC) (o nome da ‘uma’ é Srª Martinha Claret) propôs ao Ines e ao IBC que o ensino básico das duas instituições fosse fechado até o fim de 2011 e os alunos, incluídos na rede regular de ensino. Essa orientação faz parte da política do MEC de inclusão de alunos com deficiência nas escolas regulares. Desde 2000, o número de estudantes com deficiência matriculados em escolas públicas cresceu 493%.


IBC NPF - Os governos não fizeram os investimentos ideais nas escolas REGULARES especializadas por mais de 60 anos, e este governo acha que é capaz de fazê-lo em apenas 8 MESES? Sem realizar concurso para professores? Preparando-os durante um processo de ‘inclusão’ que joga as crianças com deficiência num sistema de educação completamente injusto?! Além disso, matrícula é inclusão? 493%?! Números proporcionais ou absolutos não informam sobre a qualidade do ensino oferecido aos alunos deficientes destas escolas públicas mencionadas. O discurso da matéria generaliza o termo ‘inclusão’, como se fosse uma realidade perceptível. E então? Qual é o modelo desta ‘inclusão’? O povo já chama o modelo que se observa nas escolas públicas de 'JOGAÇÃO', em ironia ao termo 'inclusão'.


Agência Brasil/EBC – “O que queremos é oferecer oportunidades educacionais adicionais”, disse Haddad. O Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) permite a dupla matrícula de estudantes com deficiência. As duas instituições de ensino, seja a regular ou a de atendimento exclusivo, receberão os recursos do ministério.


IBC NPF - Mas o IBC não é uma instituição de ensino REGULAR de nível fundamental? É regular e ESPECIALIZADO! Isso não é oportunidade educacional adicional?


Agência Brasil/EBC – “(...) Hoje, as escolas estão muito mais abertas à diversidade do que no passado. E isso enriquece nosso sistema educacional. (...)"


IBC NPF - Informamos ao ministro que é bastante comum as escolas alegarem falta de condições técnicas, estruturais e de capacitação para receberem as crianças com deficiência. Além disso, há o bullying.


Agência Brasil/EBC – "(...) Nós sabemos que há bullying contra gays, cegos, mas se quisermos educar nossas crianças e jovens, temos que educá-las para o convívio com a diferença porque é isso que vai enriquecer a trajetória de todos, não é por meio do isolamento que vamos construir uma sociedade tolerante”, defendeu o ministro.


IBC NPF - O ministro trata o bullying, que acontece sistematicamente nas escolas brasileiras, como algo eventual. Como se os professores fossem plenamente capazes de lidar com o fenômeno que cresce exponencialmente no seio da sociedade. Chama a discriminação que os deficientes e suas famílias vivem cotidianamente de ‘isolamento’. Se aliena completamente sobre o que os fatos vividos e noticiados confirmam. Vem como um profeta detentor da verdade, arredio à experiência dos pais e dos professores ditando a conviviocracia à revelia da segurança e da felicidade de nossas crianças deficientes visuais. Sem considerar o despreparo da grande parte da sociedade 'vidente' em lidar com a questão. O senhor romantiza a educação e dá a impressão de querer tratar uma geração inteira de deficientes como cobaias. O senhor deseja que os pais acreditem em algo que o cotidiano das escolas não consegue confirmar?


Agência Brasil/EBC – Agora, as representantes do Ines e do IBC levarão a proposta à comunidade escolar para levantar qual é a demanda das famílias pela inclusão dos alunos também na rede regular. Segundo Solange Rocha, diretora do Ines, a proposta é um desafio a ser enfrentado e precisa ser amadurecida. “Em tese, ninguém pode ser contra garantir vagas nas escolas públicas para os alunos que sempre estiveram à margem. Mas o que é responsabilidade dos dois institutos é como a gente vai contribuir para essa política com toda a experiência dessas instituições centenárias”, disse Solange.


IBC NPF - Por que o Ministério da Educação não se ocupa e se preocupa com as vagas em áreas menos assistidas? Por que tirar dos deficientes o que, com muita luta e perseverança, foi conquistado? O IBC e o INES geram lideranças que são deficientes. Oriundas das diversas classes sociais. Que têm a exata noção de como encaminhar um processo pragmático de inclusão. A proposta de inclusão do atual governo põe em risco as possíveis novas lideranças quando propõe jogá-las num sistema de educação que não se sustenta sobre as próprias pernas.


Agência Brasil/EBC – O Ines tem cerca de 400 alunos matriculados no ensino básico e o IBC, mais 340. O Colégio Pedro II já atende (Quantos? Como?), no ensino médio, os alunos cegos que estudaram no IBC durante o ensino fundamental, mas tem pouca experiência (ou nenhuma?) no atendimento a surdos. As três instituições trabalharão juntas em 2011 para estabelecer quais serão as necessidades de adaptação. Como o Ines oferece curso superior de licenciatura em Língua Brasileira de Sinais (Libras), uma possibilidade é pagar aos graduandos uma bolsa de iniciação à docência para que eles trabalhem no Colégio Pedro II com os estudantes surdos.


IBC NPF - A matéria não é clara sobre a forma como o Ministério da Educação já atende os deficientes visuais no Colégio Pedro II. Dá prazo à adaptação dos deficientes como se os alunos fossem peças de um estoque a ser relocado.


Agência Brasil/EBC – “É uma proposta novíssima, mas nos comprometemos de imediato e vamos, mais uma vez, aceitar o desafio proposto pelo MEC. Nosso desafio maior será em relação aos alunos surdos. Evidente que o nosso trabalho de parceria será indispensável e vamos nos reunir, quando chegarmos no Rio, para traçar um plano de trabalho”, afirmou a diretora Vera Maria Rodrigues.


IBC NPF - O MEC transforma o papel pedagógico dos professores destas instituições em estiva. Dá-lhes a incumbência de estabelecer os critérios da catástrofe. Lança-os contra os interesses da comunidade, usa a hierarquia e os constrange para realizarem o inominável. A função dos profissionais de educação do IBC e do INES está sendo subdimensionada! Estes são os profissionais mais preparados do Brasil no que tange as deficiências físicas. Deveriam estar a frente de maneira decisiva e não como meninos de recado de um ministério que devaneia frente a realidade. A matéria não explicíta novas contratações, nem mais investimentos nos institutos. Isso indica que não é plano do governo contratar mais nenhum novo professor para estes ensinos regulares especializados o que culminaria na extinção total destes cursos.


Apesar das pessoas atendidas pelos IBC e INES terem acesso direto ao curso Regular de Ensino Especializado, ao Judô, ao Taekwondo, ao Jiujtsu, ao Estudo Dirigido, à Musicoterapia, à Bibliotecas Adaptadas, ao Atletismo, à Natação, à Alimentação, à Estimulação Precoce, à Atividades da Vida Diária, o Ministério da Educação descarta a questão da mobilidade e do acesso e insiste em chamar 'melhores condições de desenvolvimento' de 'isolamento'. 


Pressentimos que o Ministério encaminha a questão de maneira que, por exemplo, no caso do Instituto Benjamin Constant, o aluno com dupla matrícula vagará entre a Urca e São Cristóvão (13 Km de distância) no horário do almoço, passando pelo Centro do Rio com a cidade em plena atividade! Uma cidade praticamente inacessível a todo tipo de deficiência recheada de violência e preconceito.


A matéria está publicada no link:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-04-05/mec-resolve-impasse-de-alunos-deficientes-auditivos-e-visuais-do-rio-com-possibilidade-de-matricula-d

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