terça-feira, 21 de junho de 2011

MEC Falta Palestra para Evitar o Debate sobre o Fechamento do IBC e do INES

Ministério falta à debate sobre Meta 4 do PNE no Ministério Público Estadual. Pais, alunos, ex-alunos e simpatizantes fazem manifestação contra fechamento do IBC e do Ines.

Mais uma vez o Ministério da Educação fugiu do debate e não enviou representantes à audiência pública convocada para sexta-feira, 17 de junho, pelo Ministério Público Estadual (MPE) para tratar da Meta 4 do Plano Nacional de Educação (PNE). O ministério encaminhou apenas uma nota técnica que foi lida durante a audiência pública. A atitude do MEC provocou revolta e indignação nos mais de 80 manifestantes que se concentraram em frente ao prédio do MPE, no Centro do Rio, em protesto contra a Meta 4 e a proposta de fechamento do Instituto Benjamin Constant (IBC) e do Instituto Nacional dos Surdos (Ines). Com nariz de palhaço e fazendo um apitaço, pais, alunos, ex-alunos e simpatizantes das duas instituições mostraram toda a insatisfação com a omissão do Ministério da Educação no tratamento do assunto.

“O MEC não compareceu à audiência do MP. Falta de respeito com o nosso segmento. Não queremos promessas, queremos propostas por escrito”, afirmou Darcy Siqueira, uma das representantes da Associação de Pais, Amigos e Reabilitandos do IBC, presentes ao ato.

Para que todos tomassem conhecimento do que estava sendo tratado, os discursos dos oradores na manifestação eram acompanhados por um intérprete de Libras, que simultaneamente traduzia para a linguagem de sinais para deficientes auditivos presentes. Ana Cristina, professora de História do IBC, foi uma das mais aplaudidas. Cega de terceira geração, ela rebateu a ideia de que os institutos seriam espaços segregadores.

“Me dói muito ouvir isso em relação ao IBC, que ele é segregador. Que segregação é essa? Sou formada em Pedagogia pela Uerj e na época não tinha computador para nos ajudar. Fiz toda minha carreira com a preparação que tive ao estudar no IBC. Meus avós eram cegos, meus pais são cegos. O IBC nos incluiu”, declarou a professora sob aplausos.

Mãe do adolescente Luam Moysés, de 14 anos, Rosemary Moysés Silva, de 47 anos, foi outra manifestante que aproveitou o ato para expor toda sua indignação com a Meta 4 e a proposta de fechamento do IBC e do Ines. Ela relatou a experiência negativa que o menino teve em escolas regulares, antes de ser matriculado no Ines em 2009. Segundo ela, Luam é surdo e hiperativo.

“Ele chegou a ser taxado como RM (retardado mental) e colocado em uma turma de CT (conduta típica), onde ficava ele e um professor. Dos 8 aos 12 anos frequentou escola inclusiva na Gávea, sofreu bullying, apanhava dos colegas. Cheguei a recorrer ao conselho tutelar contra uma professora que disse que ele apanhava porque era ele quem implicava com os outros alunos. Meu filho não se adaptou. Quando ele foi para o Ines, ele ficou com medo. Mas logo percebeu que era um lugar diferente. Lá, hoje, ele está muito feliz. Por que mudar essa situação?”, afirmou a mãe.

A manifestação contou com apoio de parlamentares que participaram da audiência pública no Ministério Público Estadual. O deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ) e o deputado estadual Márcio Pacheco (PSC) foram ao evento prestar solidariedade aos pais, alunos e ex-alunos das duas instituições. Leite informou que apresentou emendas ao PNE, no que diz respeito à Meta 4. “A possibilidade de fazer opção deve ser dos pais dos alunos. Não se pode resolver por decreto algo que a sociedade não quer. É preciso respeitar a opção dos pais. Minhas emendas levam essa questão em consideração”, afirmou o deputado, que é presidente da Frente Parlamentar da Pessoa com Deficiência da Câmara Federal.

Para Márcio Pacheco, presidente da Comissão da Pessoa Portadora de Deficiência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), a maior ajuda que pode ser dada nesse momento é a dos parlamentares ouvirem a sociedade e encaminhar os pedidos como propostas. “Não se pode fazer como se fez como o PNE. Apresentar o programa sem ouvir os maiores interessados, ou seja, os alunos deficientes e os pais”, afirmou. 

Ricardo de Azevedo Soares
SISEJUFE - Sindicato dos Servidores das Justiças Federais do Estado do Rio de Janeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário